Depois de assistir a incrível TED Talk da Amy Cuddy — sou muito fã das palestras deles e esta definitivamente se tornou uma das minhas favoritas — fiquei super intrigada sobre as diversas maneiras diferentes de como a nossa postura molda não apenas a forma como os outros nos vêem mas até mesmo o que pensamos e quem nos tornamos.
Durante a palestra a pesquisadora desenvolve muito a ideia sobre como ficar durante alguns minutos em uma das “posturas de poder”, poses que exalam confiança como a clássica da Mulher-Maravilha: mesmo quando a pessoa não está se sentindo muito confiante, podem ajudar e realmente acabar aumentando a confiança de uma pessoa e suas chances de se sair bem em algo importante!
Sendo assim, quando vi que ela tinha lançado um livro explorando mais a fundo o assunto, que acabou sendo publicado no Brasil pela Editora Sextante no ano passado, tratei logo de comprar para ver o que mais poderia aprender!

O Poder da Presença
Como a linguagem corporal pode ajudar você a aumentar sua autoconfiança
- Autoria:
- Amy Cuddy
- Editora:
- Sextante
- Ano de lançamento:
- 2016
- Páginas (nº):
- 256

O livro é muito bem pesquisado e a linguagem utilizada pela autora é super acessível para qualquer um. Durante o decorrer da leitura, Amy fala sobre várias histórias de pessoas dos mais diversos tipos, e como elas eventualmente aprenderam a se sair bem durante situações estressantes que costumavam deixá-las morrendo de medo!
Para quem gosta de histórias pessoais de superação e de exemplos sobre como agir em determinada ocasião difícil, o livro com certeza é um prato cheio. Além disto, o fato das pesquisas da autora serem baseadas em bons dados científicos, dão a tudo uma aura de credibilidade e confiança bem maior do que costumamos encontrar em livros de auto-ajuda.

Outra das coisas sobre as quais Cuddy fala muito é sobre a aversão e tolerância à risco, ou seja, a capacidade de blefar, de acordo com quão poderosas as pessoas estão se sentindo no momento e como superá-la. Ela diz que quando elas se sentem poderosas e estão numa posição de poder maior, as pessoas têm uma tendência a blefar de 86%, já quando elas estão em uma posição com pouco ou nenhum poder, esta tendência diminui para apenas 60%.
Quando ela falou sobre “blefar” isto rapidamente me fez pensar em jogadores de pôquer. Não só em relação às diversas posturas que eles adotam nas mesas quanto estão jogando — especialmente quando vão blefar em uma jogada relativamente alta — mas até mesmo nas roupas que eles escolhem para se apresentar perante os seus adversários.
Existem diversas regras não explícitas sobre como os jogadores se vestem para vencer, e o impacto delas nas chances de cada um dos competidores em relação às suas respectivas posições, de maior ou menor poder — como roupas patrocinadas — e a capacidade de blefar — como óculos e capuzes, o que é inegável.
Alguns profissionais até mesmo gostariam que certos tipos de roupas fossem proibidos para manter todos no mesmo nível e isto realmente me fez pensar ainda mais sobre quão importante é a forma que nos vestimos e nos apresentamos para o resto do mundo, e tornou o argumento principal do livro muito mais interessante sobre esta ótica de dar a melhor chance possível para si mesma.
A principal conclusão da autora é relacionada a como é importante atingir um estado de “presença”. Nele, o foco passa a ser a impressão que a pessoa está passando para si mesma, que então será projetada da melhor maneira possível para os outros. Acho que esta é uma forma de “ligar para o que os outros pensam” sem “ligar de verdade”, e uma maneira incrível de diminuir a ansiedade ao trocar o foco de fora para dentro.
Amy Cuddy ainda utiliza tudo que ensina durante todo o livro, para fornecer as melhores dicas no sentido de como é possível ajustar determinados trejeitos da própria linguagem corporal, comportamento e estado mental para melhorar este estado de “presença”.
Como bem resumiu o Átila, biólogo e pesquisador do canal Nerdologia que inclusive está quase me convencendo a escutar audiobooks, é possível considerar o livro como auto-ajuda com uma pegada científica, e repleto de pesquisas atuais e relevantes.
O principal ponto positivo do livro são os diversos casos apresentados — que serão aproveitados por quem gosta de analogias — e ele definitivamente é super recomendado para pessoas que tenham problemas em se expressar ou qualquer coisa relacionada a timidez.
Apesar disto, ele não vai tão mais além da palestra do TED quanto eu esperava — o que pode ser culpa das minhas expectativas altas! — e se você não gostar ou ligar muito para ter diversos exemplos e casos específicos, que eventualmente podem se aplicar diretamente ao seu, pode tranquilamente apenas assistir a apresentação.