Resenhas de livros

Organização e produtividade

Papelaria

Armando Wartha – Ecos de uma vida

Ecos de uma vida

Autoria:
Armando Wartha

Editora:
Est Edições

Ano de lançamento:
2009

Páginas (nº):
100
Nesta obra o autor confessa que não escreveu os poemas, que falam do cotidiano, ou de lembranças, ou até mesmo os dedicados a pessoas especiais, com intenção de expô-los ao público. Ele os escreveu para passar boas horas de lazer, como num bom carteado, ou em um jogo de mesa qualquer. Porém, quando um deles, talvez o mais profundo, fez o autor sentir o calor da emoção brotando nos olhos e escorrendo pelo rosto ele se indagou. Que direito tenho de escrever apenas para uma gaveta insensível? Não estarei sendo egoísta pensando só em mim, quando outras pessoas também poderiam provar o sabor dessa emoção, única, tão diferente das costumeiras do nosso dia a dia? Seguindo este raciocínio, ele resolveu se expor através dos seus escritos. Escritos que segundo ele, se puderem passar aos leitores uma pequena parte do prazer, do bem estar, que proporcionaram o autor ao escrevê-los, terá valido a pena em dobro, cada uma das horas passadas na companhia da sua caneta, iluminado tão somente pela lâmpada da inspiração.

Eu adoro ter a oportunidade de apoiar autores nacionais, pois imagino o quanto é difícil publicar um livro e fazê-lo chegar às mãos dos leitores. Tenho certeza que há muitos talentos espalhados por este Brasil que, muitas vezes, não conseguem ser reconhecidos da forma como merecem. Porém, mais gratificante do que reconhecer um autor nacional, é reconhecer um autor da mesma cidadezinha que você.

Nasci e moro em Farroupilha, que fica no interior do Rio Grande do Sul. Sei que existem alguns autores por aqui, mas confesso que não conheço seus trabalhos. Felizmente, há algum tempo ganhei o livro Ecos de uma Vida, do autor Armando Wartha. Antes mesmo de iniciar a leitura da obra, a história de vida do autor me emocionou.

Armando nasceu em uma cidade menor do que Farroupilha (por coincidência, na mesma localidade onde nasceram meus pais). Ainda criança, foi viver com os tios. Estudou até os 12 anos, com 17 e 18 anos fez a 6ª e 7ª série, com 52 anos cursou a 8ª série e, finalmente, com 53 anos Armando cursou o ensino médio na mesma escola onde estudei. É inevitável perceber o empenho e dedicação do autor, a vontade de aprender, estudar e se desenvolver como ser humano. Foi vencedor em um concurso da biblioteca da cidade, e ficou em 2º lugar no ano seguinte com uma poesia e um conto.

Foi nesse período que Armando descobriu o gosto pela leitura, e ainda mais pela poesia. Em Ecos de uma vida, o autor nos apresenta poemas pequenos, grandes, mais rasos e outros bem profundos. Todos eles, de uma forma ou de outra, mexem com o interior do leitor atento, que presta atenção às rimas.

Armando escreveu estes poemas para si mesmo, sem a pretensão de expô-los em um livro. Porém, eles eram bons demais para ficarem guardados em uma gaveta. Sorte a nossa, pois hoje temos acesso a esse catálogo tão rico de rimas e poesias repletas de sentimento e significado.

Os assuntos são os mais variados: desde a lindíssima dedicatória à sua esposa até homenagens à cidade natal, à escola onde aprendeu o gosto pela leitura, datas especiais ou até mesmo à natureza, como no trecho deste poema, que me tocou profundamente:

“Silencioso é meu grito de ajuda
Por favor quem me ouve me acuda
Enfraquecida não posso gritar.
Quem vos pede é a mão natureza
Vos implora com pesar e tristeza
Peço parem de maltratar.

[…]

Outra mata em chamas ardendo
Uma a uma aos poucos morrendo
Quantas mais haverão de tombar?

Por favor não me deixe morrer
Sem eu antes poder entender
O que fiz para o homem me odiar?”

Armando Wartha, Ecos de uma vida

O livro de Armando Wartha é uma delícia de ler. Ele emociona, envolve o leitor e, muitas vezes, o faz refletir. Mesmo não sendo meu gênero literário favorito, gostei muito dos momentos passados com este livro.

Comente este post!

  • Hadassa Loyris

    Gostei depois gostaria de ler . Achoo que realmente conseguiria sentir o que o autor escreveria, porque também escrevo e são muitas emoções que precisão sair.

    responder
    • Gabi Orlandin

      Escrever é muito sobre colocar o que a gente sente pra fora, né? Também tenho essa necessidade às vezes. Faz tão bem! 🙂

      responder