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Breno Melo – A garota que tinha medo

A garota que tinha medo

Autoria:
Breno Melo

Editora:
Chiado

Ano de lançamento:
2014

Páginas (nº):
280
Marina é uma jovem que faz tratamento para a síndrome do pânico. Às voltas com o ingresso na universidade, um novo romance e novas experiências, Marina tem seu primeiro ataque de pânico. Sua vida vira de cabeça para baixo no momento mais inapropriado possível e então psiquiatras e psicólogos entram em cena. Acompanhamos suas idas ao psiquiatra e ao psicólogo, o tratamento farmacológico e a psicoterapia. Ao mesmo tempo, conhecemos detalhes de sua vida amorosa e sexual, universitária e profissional, social e familiar na medida em que elas são marcadas pela síndrome. Um tema atual. Uma excelente obra tanto para conhecimento do quadro clínico como entretenimento, narrada com maestria e de uma sensibilidade notável.

Marina é uma jovem paraguaia bastante comum: está começando a faculdade de Jornalismo, namorando com um garoto do condomínio, adora tirar fotografias, ler e escrever em seu blog literário. Mas ela tem uma coisa diferente de algumas pessoas: ela tem síndrome do pânico. Quem nos conta a história é a própria Marina, que volta no tempo em alguns anos para narrar os primeiros sintomas, o desespero de não saber o que há de errado com ela, o diagnóstico, o tratamento e a cura.

No decorrer da trama, que é feita em primeira pessoa, nós nos sentimos parte da vida de Marina, indo ao psiquiatra, ao psicólogo e enfrentando seus maiores medos – pois além de panicosa, Marina descobriu que tem fobias (por isso o nome do livro!) e outros distúrbios que a impedem de ir a certos lugares onde já teve suas crises. Para enfrentar esses locais, ela precisa de um tratamento especializado e ir aos poucos, com um passo e um avanço de cada vez.

“Quase ninguém está preparado para se olhar no espelho. A maioria arrancaria os olhos ou quebraria o espelho. Eu quis fugir após a segunda ou terceira sessão, mas não podia. Eu tinha que estar ali para meu próprio bem.”

Nós somos como amigos da protagonista, que narra com profundidade de detalhes o que sentia e o que se passava em seus dias. É como se ela falasse diretamente com o próprio leitor, contando as suas memórias em seu “livrinho”, como ela mesma o chama, e tentando esclarecer aos leitores sobre essa doença, que é tão conhecida, mas pouco compreendida para muita gente, inclusive para mim. Além disso, o livro está recheado de referências a livros clássicos e diversas citações bíblicas, pois Marina é uma garota com uma fé inabalável, que mesmo em meio a todo o sofrimento, nunca parou de confiar em Deus. Resumidamente, se existe uma palavra para caracterizar essa obra é: real. No decorrer da trama, você jura que a Marina realmente existe e é sua amiga. É incrível como nos sentimos ligados à história!

“Você não sabe nada sobre a síndrome do pânico? À parte todo o seu desconhecimento, tenha ao menos um bom coração. Esse já é metade do conhecimento de que você precisa. A bem dizer, sem amor, todo o seu conhecimento sobre a síndrome se torna inútil.”

“Quem supera seus medos é mais corajoso que aquele que nunca os teve ou jamais os enfrentou.”

Acho que essa foi a resenha mais difícil que eu tive que escrever, pois senti que o livro me tocou profundamente na alma, no coração. O drama da personagem foi o meu sofrimento naquelas páginas. Sobre a nota, creio que mereça a máxima pela narração tão detalhista e meticulosa, mas a verdade é que às vezes ela me cansou um pouquinho. Por isso das quatro estrelas. Mas se você acompanha o blog e as resenhas com frequência, sabe que essa classificação é ótima para mim.

Não deixem de ler esse livro. É uma leitura muito rápida que cativa o leitor e o faz querer devorar tudo de uma vez.


O autor

No decorrer da leitura, tive algumas curiosidades que pensei em perguntar diretamente ao autor, uma vez que o livro me foi enviado por ele e, por isso, tenho este contato direto. Nunca fiz entrevistas com autores aqui no Fluffy, mas pensei em colocar aqui apenas 4 questões que, talvez, sejam interessantes também para quem não leu o livro. Antes disso, saibam quem é o autor:

Breno Melo nasceu em 1980, na cidade do Rio de Janeiro. Foi indicado para Poeta do Ano pela Sociedade Internacional de Poetas mais de uma vez, em 2002, 2003 e 2004. Participou da antologia “The Best Poems and Poets of 2003”, com o poema “Hazel Eyes”, e da antologia “The Best Poems and Poets of 2004”, com a composição “That Girl”. Também foi selecionado para “The International Who’s Who in Poetry”, incrível obra mundial que conta com participantes de vinte e cinco nações ao redor do globo e reúne, segundo a Sociedade, os poetas mais interessantes que ela encontrou ao longo dos catorze anos anteriores.

1. Você ambientou sua história no Paraguai, com muitos detalhes históricos que Marina conta durante a narração. Creio que essa foi a primeira história que leio e que se passa nesse país, então fiquei curiosa sobre como se deu a escolha desse lugar.
Como você notou, há algumas pessoas que comentaram em espanhol na minha página no Facebook. Sempre tive contato com pessoas do Mercosul. A escolha do Paraguai se deu porque estou certo de que é o cenário mais adequado para a história que seria contada.

2. Como você tomou conhecimento sobre a síndrome do pânico e por que resolveu escrever sobre ela?
Há muitos indivíduos que sofrem de síndrome do pânico. Não é necessário ir muito longe para conhecê-los. Vá até a esquina e volte. Foi? Voltou? Provavelmente você passou por alguém que sofre de ansiedade. Eu resolvi escrever sobre ela, sobre a síndrome porque é um tema atual, interessante e incrível.

3. Afinal, como foi o processo de conhecer a doença e coloca-la nas páginas do livro?
Foi simples. O livro nasceu de conhecimentos que fui acumulando ao longo de anos. Em melhores palavras, não conheci esse distúrbio mental porque queria escrever a respeito, mas escrevi a respeito quando percebi que havia acumulado conhecimento suficiente para tal. Colocá-lo nas páginas do livro foi questão de poucos dias.

4. Você colocou diversas passagens bíblicas na sua obra e explicou, adequando-as à vida da personagem. Você é uma pessoa religiosa?
As passagens bíblicas ocupam apenas uma pequena parte da obra. Eu as adequei à vida da personagem? Quero pensar que a vida da personagem é que estava de acordo com tais passagens. Quanto a mim, não creio que eu seja uma pessoa mais religiosa que a média das pessoas.


Espero que tenham gostado da resenha e das perguntas. Para mim, as respostas tiraram algumas dúvidas e esclareceram pontos que não ficaram “em aberto” na história, mas ficaram de curiosas na minha mente.

Agora quero ver a opinião de vocês! Já conviveram com alguém que possui síndrome do pânico? Ou ainda: você passa por isso?

Comente este post!

  • Poly

    Wow! Fiquei morrendo de curiosidade em ler este livro após sua resenha.
    Acho que nunca li nada que tratasse de ansiedade e fobias. Muita gente sofre com esses problemas e acho uma interessante temática para abordar.
    Eu sou extremamente ansiosa e já tive uma crise de pânico, com certeza me identificaria com a protagonista.
    Ótima resenha.
    Bjuxxxx

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    • Gabi Orlandin

      Não é difícil se identificar com a personagem, Poly. Mesmo nunca tendo passado por isso, entendi os dramas do dia a dia da Marina. É um livro incrível, e pra você que já teve essa “experiência”, deve ser ainda melhor.
      Beijos.

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  • Mariana Oliveira

    Nossa! Essas coisas são tão complicadas. Eu mesma tive uns casos de ansiedade que precisei ficar no hospital. Toda vez que tenho de fazer algo novo completamente sozinha já me acelera o coração, mas não tive crises como aconteceu no final de 2013… Foi um ano onde muitas coisas aconteceram e aconteceu tudo no início de 2013, até que aguentei bem até o final dele, mas não foi tão fácil. Não digo que superei o que passei, até porque muitas coisas ainda estão acontecendo e outras novas vindo. Já pensei em procurar um psicólogo, mas não sei. Não consigo falar com ninguém -exatamente- o que se passa. Eita… Acabei desabafando aqui, desculpe. Adoraria ler o livro, saber se as situações (sentimento) são as mesmas, sabe. No final, fica tudo bem né?

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    • Gabi Orlandin

      Oi, Mari!
      Fiquei surpresa que das 4 pessoas que comentaram no post, 3 falaram que já passaram por isso. Eu não imaginei que isso fosse tão frequente.
      E você pode desabafar na minha caixinha de comentário sempre que quiser, hehe <3
      Sim, no final a Marina fica bem. Mas o que vale a pena nesse livro é ver o caminho dela até lá.
      Beijos.

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  • Bruna Lombardi

    Oi Gabi >,<
    Amei a resenha 🙂
    Beijos da Brubs

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  • Le Pimenta

    Adorei o nome do livro, resumi muito bem o que uma pessoa com Transtorno do pânico sente medo, odeio quando me perguntam por que eu estou com medo, por que eu nunca sei o que responde, eu não sei do que eu sinto medo.
    Me identifique com Marina por ela ser blogueira como eu e por sofrer desse problema, e por nunca nunca duvidar da sua fé em Deus acima de tudo.
    Quero muito ler esse livro, e ver qual é a visão que o autor tem da síndrome do Pânico.

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    • Gabi Orlandin

      Le, é exatamente o que a personagem do livro fala: ela não sabe do quê sente medo, ela simplesmente sente medo. Se puder, leia mesmo. É um livro incrível, e deve ser ainda melhor pra você, que passa por isso. Sinto que você terá o desejo de que a Marina fosse real, pra conversar com ela. Hehe!
      Beijos.

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  • Isa

    Não precisa ir até a esquina Gabi, haha! Ao ler sua resenha, descobri que me identifiquei com boa parte da vida da Marina, apenas que eu não tenho um namorado e não tenho um psiquiatra. Fiquei muuuito curiosa com o livro pois são poucos os que retratam como é realmente a síndrome do pânico que é algo sério mas totalmente tratável. Quero muito ler e saber o final da história <3

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    • Gabi Orlandin

      É mesmo, Isa! Percebi pelos comentários aqui que a síndrome é mais comum do que imaginei. Leia sim, é um livro muito bom. Depois quero saber o que achou! 🙂
      Beijos.

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  • Edwin Lafaiete

    Gente, eu chorei lendo sua resenha. Parece que o Bruno escreveu o livro pra mim, rs. Descobri a SP quando tinha 19 anos, hoje tenho 23 e ainda é bem complicado ir a vários lugares, ir na faculdade, buscar um emprego, ir ao cinema sem ter medo, mesmo com todos tratamentos e medicação. É tão fácil encontrar alguém que sofra do mesmo, mas tão difícil achar alguém que te entenda e que não ache que tudo isso seja frescura ou coisas do tipo. quero muito ler este livro, obrigado por me apresentar *–*

    Abraços, Edwin.
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    • Gabi Orlandin

      Olá, Edwin!
      Sabe, eu fiquei muito surpresa com todos os comentários que essa resenha recebeu, pois assim como você, muitas pessoas disseram sofrer ou conhecer alguém que sofre da síndrome. Eu nunca tinha conhecido alguém que tivesse. Só consigo imaginar como deve ser difícil conviver com isso. Foi um prazer apresentar o livro a você, espero que leia mesmo. Depois vem me dizer o que achou, tá? 🙂
      Abraços.

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  • Janaína

    Aiiii tou muito curiosa para ler esse livro, porém não estou achando em lugar nenhum.

    Alguém tem alguma sugestao?

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