Se você acha que esta leitura é mais uma “do mesmo”, com as mesmas histórias e mesmos clichês de sempre, pode apagar essa ideia da sua mente e reinventar toda a percepção sobre este livro. Quando soube que A menina da neve se tratava da história de uma menina que não se sabia se era realidade, loucura, ou invenção, tive uma ideia sobre o enredo do livro. Mas nunca, nunca chegaria perto do real significado dessa história. É muito diferente do convencional. E, ao mesmo tempo em que aborda fantasia, a história também tem um pézinho na realidade. Não está entendendo nada, né? Calma, vou tentar explicar.
A menina da neve
- Autoria:
- Eowyn Ivey
- Editora:
- Novo Conceito
- Ano de lançamento:
- 2015
- Páginas (nº):
- 352
O livro se passa no Alasca em 1920. Um casal em torno de 50 anos, que se conheceu, casou e possui família na Pensilvânia, resolveu se isolar nesse local selvagem e gelado depois de terem um filho natimorto. Mabel não conseguiu ver o rostinho de seu bebê, que foi enterrado por Jack, seu marido, no pomar do terreno. A dor foi tamanha, a pressão e falatório de vizinhos, parentes e amigos era tão insuportável que eles resolveram partir, isolar-se e viver suas vidas solitárias para todo o sempre.
A dor de nunca poder ter tido um filho ainda assola o dia a dia do casal, que mal se olha, mal conversa e há anos não se toca. A plantação vai mal, Jack não mais consegue dar conta do plantio e há pouco suprimento para sobreviver. Sem saber se conseguirão passar por mais um inverno abaixo de trinta graus, eles levam seus dias inertes, tristes e cabisbaixos, esperando sabe-se lá o quê.
Até o dia em que, motivada pela primeira tempestade de neve do ano e por uma lembrança feliz e longínqua, Mabel resolveu brincar de bola de neve, e convenceu Jack a ajudá-la a construir um boneco de neve… uma bonequinha de neve – com direito a vestidinho, cachecol, luvas e feições esculpidas na neve fofa e gelada. Porém, na manhã seguinte, a bonequinha de neve simplesmente desapareceu – e junto com o bolo de neve restante, sumiram também o cachecol e luvas deixadas por Mabel.
Alguns dias depois, o casal começou a vislumbrar vestígios de uma menina na floresta. Seria possível uma criança sobreviver a temperaturas tão baixas e na neve por tantas noites? Alguns diziam que esta visão era apenas reflexo das suas mentes perturbadas pelas temperaturas rigorosas do Alasca. Porém, Jack e Mabel juram que a menininha é real. O que será verdadeiro e o que será ilusão nessa história?
De tudo o que imaginei para este livro, certamente o que encontrei foi muito além. Os personagens são bem construídos, assim como suas personalidades. Jack e Mabel têm sentimentos fortes em relação à sua angústia em não poder ter uma criança em casa, e isso fica bem evidente, e até toca o coração do leitor. Além disso, o cenário do Alasca, comum à autora que vive nesse país, é muito bem descrito em detalhes ricos e autênticos. Me senti realmente naquela paisagem desoladora e selvagem – só não consigo imaginar como seria viver em temperaturas tão baixas em 1920, sem qualquer sistema de aquecimento além do fogão a gás. Realmente, deve ter sido uma tarefa árdua para os moradores daquela área e daquele tempo.
Voltando à resenha, vale dizer que alguns detalhes são bem fortes, e podem não agradar a alguns leitores. Para sobreviver, muitos moradores do Alasca precisavam caçar animais selvagens para obter o sustento da família e agasalho para os dias frios – ou seja, a carne e o pêlo. A autora descreve com bastante detalhes algumas caçadas, o que talvez alguns leitores não iriam gostar muito. Além disso, coisas um tanto desagradáveis são abordadas muitas vezes no livro, pois era o que o povoado fazia para sobreviver. Porém, o que amenizou essas partes, para mim, foi saber que Mabel é como eu: tem coração mole para os animaizinhos e, provavelmente, se pudesse, não mataria.
As falas, narração e o modo como a história é abordada na presença da menina tornam esse acontecimento muito surreal para o leitor. E, ao mesmo tempo, o livro é muito real enquanto narra as dificuldades das pessoas do Alasca. Então, enquanto por um lado há fantasia, por outro encontramos um enredo muito real e doloroso. Porém, é justamente esse lado da fantasia o que mais me incomodou: a autora imaginou coisas demais, e achei que ela saiu um pouco do foco durante o final da história. Nada fica em aberto, mas também nada foi muito bem explicado, além de alguns acontecimentos terem sido tão distoantes que foram difíceis de engolir. Sabem? Acho que ela foi longe demais, poderia ter ficado um pouquinho mais com os pés no chão.
Assim como a misteriosa menina vai mexer com os personagens dessa história, ela também vai mexer com o leitor. Mesmo depois de ter terminado a leitura, ainda me sinto intrigada por esse mistério. Resumidamente, esse livro vai mexer com a sua cabeça. A história passa longe do clichê e leva o leitor a um local novo, poucas vezes abordado em histórias atuais. A narrativa é linda, quase poética, e merece um espaço na sua estante, apesar de todos os poréns.
Lívia
Que capa linda <3 adoro a combinação de turquesa e azul com vermelho. E amei a foto com o cachecol! Ai, que saudade do friozinho…
Me deu um aperto no coração ver o que disse sobre as caçadas, mas entendo que realemnte deviam precisar disso, né?
Beijo, Gabi.
Gabi Orlandin
Oi, Liv!
Também amei essa capa. O tema “neve” sempre me conquista logo de cara, também adoro frio!
Sobre as caçadas, dá bastante pena mesmo, mas era necessário naquela época. Ou isso, ou morrer de fome. Bem triste, mas a autora deixou claro a necessidade.
Beijão.
Juliana
Adorei a resenha, Gabi! Deve ser complicado pro escritos se manter com os pés no chão, imagino a cabeça cheia de ideias e criatividade! kkk Deve ser uma loucura. Achei a história bem interessante, não sei se leria pelas partes de caça e talz 🙁 Mas adorei a abordagem e a poesia da boneca de neve, a raposa <3
Beijos!
Gabi Orlandin
Oi Ju!
É mesmo, deve ser difícil mesmo, nunca tinha pensado por esse ponto de vista, haha!
Beijo.
Marcela
Eu gostei, a resenha me deixou bem curiosa. Mídias que conseguem ir além de tudo o que eu imaginei pra elas são sempre bem vindas, afinal de contas quem não gosta de surpresas nessas coisas, né? Confesso que o que mais me interessou talvez tenha sido a narrativa sobre o local e os costumes, porque eu tenho certeza que nunca li nada que se passava nesse lugar e, principalmente, nessa época. Não acho que o livro vá entrar pra minha lista imediata de leitura, mas é um título que eu vou considerar mais pra frente. 🙂
Gabi Orlandin
Exatamente, Marcela! A história me chamou bastante atenção em partes por se passar no Alasca, o que é bem diferente da maioria dos livros que vemos por aí. Vale a leitura 😉
Mandy
Oi, Gabi, pena que você não conseguiu lidar bem com a parte mágica do livro. Eu fiquei encantada, amei muito esse livro!
Gabi Orlandin
Oi Mandy! Então, eu gostei e tudo, mas não me desceu muito bem… algumas partes mais por final, sabe? Achei que teria outro final, e talvez por isso eu não tenha “digerido” muito bem. Mas sim, é um livro lindo! <3
Beijo.
Tainara
Acho que encontrei o blog mais fofo da face da terra! rsrs
Eu adorei a resenha, demais! Fiquei muito curiosa. 2015 foi um péssimo ano de livros para mim, mas estou montando minha meta de 2016 e esse com certeza vai entrar!
http://www.flordejupiter.com
Gabi Orlandin
Que comentário mais fofo, Tainara! [heart] Tô morrendo de amores aqui! [love] Obrigada!
Sobre a meta de leitura, espero que o Fluffy te ajude nesse ano com leituras melhores. 😉
Beijão!