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John Harding – A menina que não sabia ler

A capa e o título enganam. “A menina que não sabia ler” não é nada do que parece ser quando olhamos para ele. Quando comecei a ler, imaginei um livro fofo, com uma história até meio romântica. Logo que iniciei a leitura, já mudei de ideia: achei que fosse uma história de superação sobre uma menina órfã que teve que aprender tudo sozinha. Porém, no decorrer da narrativa fica claro que o livro tem outra pegada, e é bem mais pesada.

Se você estava imaginando algo como eu, ou até associou esse livro ao “A menina que roubava livros”, sinto informar que a vibe é completamente outra. Vem comigo conhecer a história de A menina que não sabia ler e se surpreenda.

A menina que não sabia ler

Autoria:
John Harding

Editora:
LeYa

Ano de lançamento:
2010

Páginas (nº):
282
1891. Nova Inglaterra. Em uma distante e escura mansão, onde nada é o que parece, a pequena Florence é negligenciada pelo seu tutor e tio. Guardada como um brinquedo, a menina passa seus dias perambulando pelos corredores e inventando histórias que conta a si mesma, em uma rotina tediosa e desinteressante. Até que um dia Florence encontra a biblioteca proibida da mansão. E passa a devorar os livros em segredo. Mas existem mistérios naquela casa que jamais deveriam ser revelados. Quem eram seus pais? Por que Florence sonha sempre com uma misteriosa mulher ameaçando Giles, seu irmão caçula? O que esconde a Srta. Taylor? E por que o tio a proibiu de ler? Florence precisa reunir todas as pistas possíveis e encontrar respostas que ajudem a defender seu irmão e preservar sua paixão secreta pelos livros – únicos companheiros e confidentes – antes que alguém descubra quem ousou abrir as portas do mundo literário. Ou será que tudo isso não seria somente delírios de uma jovem com muita imaginação?

História do livro

Neste livro conhecemos Florence, uma menina órfã que vive em Blythe, uma mansão abandonada e caindo aos pedaços. Ela compartilha os dias com seu amado meio-irmão Giles, perambulando e brincando livremente pelo lugar. Os dois foram deixados ali pelo seu tio e tutor ausente, aos cuidados de uma governanta e três criados.

Os dias são extremamente desinteressantes até que Florence descobre a biblioteca da mansão, com livros que preenchem todas as paredes do local – paredes essas que há anos não vêem a luz do dia. Por ordem de seu tio, a menina foi proibida de aprender a ler, mas ela passou a visitar os livros em segredo e, aos poucos e com muita dificuldade, aprendeu a arte das palavras. A partir de então, a pequena Flo passava os dias na biblioteca lendo escondida enquanto os criados achavam que ela andava pela propriedade.

Tudo ia muito bem, até que Giles foi enviado para a escola em Nova Iorque. Florence se preocupava com seu irmão inocente e sozinho na grande cidade, e com razão. As coisas para ele não deram certo, e ele foi mandado para casa para não mais voltar.

E foi ali que os problemas de Florence começaram. Para que Giles pudesse ser educado, seu tio enviou uma preceptora. Duas, na verdade. A primeira sofreu uma terrível tragédia, que Florence faz questão de não comentar. O problema foi a segunda preceptora que desembarcou em Blythe.

A Srta. Taylor tinha algo peculiar, mas Florence não sabia o que era. As vestes negras, o olhar profundo, o característico perfume de lírios. Ao passar dos dias, a garota começa a descobrir os reais motivos que levaram a mulher até ali, e começa a bolar planos para pará-la. O problema é que, para Florence, a mulher é mais do que humana, e ela não sabe até onde fantasmas são capazes de ir.

Resenha: A menina que não sabia ler

O livro é escrito em primeira pessoa pela própria Florence, que conta a história de sua paixão pelos livros, seguido pela desconfiança na escola de Giles, até chegar aos temores pela preceptora. Ela vai e vem em seus relatos, e o leitor acompanha a mente da garota, que de sã tem pouca coisa.

Florence tem absoluta certeza que a Srta. Taylor não é deste mundo. Não pretendo entrar em detalhes para não estragar a sua surpresa, mas posso dizer que nem tudo fica claro como água nessa história. Será que tudo era real? Será que era fantasia de uma mente precoce que gostava demais dos livros? A autora deixa várias perguntas para o leitor.

a menina que não sabia ler

Confesso que gostei de ficar com a pulga atrás da orelha com algumas coisas, afinal, nunca temos total certeza sobre os eventos sobrenaturais – se é que era isso mesmo. Por outro lado, queria ter sabido um pouco mais sobre o que realmente ocorreu em Blythe.

A autora coloca trechos muito, muito sutis na narração de Florence que indicam a verdade – ou a suposta verdade, já que nada fica tão claro. Às vezes ela descreve um silêncio antes de uma resposta ou um deslize próprio, ou mesmo um fato constatado por Florence que ela mesma não analisou a fundo, caso contrário teria juntado as peças para descobrir a verdade. Porém, parece que Florence acredita tanto em sua verdade que não quer ver o outro lado da moeda.

Fato é que a autora usou do mistério da narrativa e colocou-o para o leitor desvendar (quase) nas entrelinhas. É um mistério dentro da história, e outro deixado a quem se aventurou pelas páginas. No final das contas, eu levei em conclusão que alguém precisa internar a Florence. Com urgência.

O livro tem um final pesado e o leitor vê que a personagem nada tem de criança inocente – muito pelo contrário. Ao mesmo tempo em que eu adorei a leitura por me intrigar e forçar a querer ler sempre mais, também ficava apreensiva pelo que a personagem poderia fazer. Não é uma leitura para todos. É ideal para quem gosta de mistério, sobrenatural e, acima de tudo, personagens que fogem ao padrão. Nessa questão, A menina que não sabia ler ganha muitos pontos.

A editora lançou também o segundo volume da história. Apesar de não ser um livro que gostei tanto e não fazer parte do meu gênero favorito, confesso que me interessei pela continuação. Quem sabe a autora não nos presenteia com algumas respostas?

Comente este post!

  • Emerson Garcia

    Adorei a premissa do livro. Parece ser uma leitura encantadora.

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está no ar com muitos posts interessantes. Não deixe de conferir!

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    Até mais, Emerson Garcia

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  • Camila Faria

    Nossa Gabi, a capa me enganou muito. Imaginei uma história totalmente diferente, mais leve com certeza. Agora fiquei bem curiosa, imaginando esse final mais pesadão. Quero ler!

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    • Gabi Orlandin

      A capa me enganou também, Camila! Inclusive, a história tem continuação, e eu estou até agora cogitando se leio ou não. A curiosidade é grande, mas o medo de me decepcionar às vezes é maior! Haha!

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