Já conhecia o autor Josh Malerman através de seu primeiro livro publicado pela Intrínseca em 2015, chamado Caixa de Pássaros (que inclusive será adaptado para o cinema pela Netflix, e já estou ansiosa pra ver o resultado!). Mas voltando ao foco dessa resenha: eu gostei bastante do primeiro livro do autor, de verdade. O final deixa a desejar, e isso irritou muitos leitores, mas na época em que eu li, curti demais a história. Pode ser que hoje eu já não curtisse mais tanto esse mistério deixado em aberto, mas isso é outra questão. Fato é que comecei a leitura de Piano Vermelho com altas expectativas, já com receio dos sustos que iria levar.
Levei alguns sustos sim, e vários trechos me deixaram com um pouco de medo, mas não foi tudo o que eu esperava. Eu adoro o estilo de escrita do autor e a fluidez de seus dois livros, porém senti que essa trama estava muito parada. Os personagens não chegavam a lugar nenhum, o mistério não solucionava… fiquei com a sensação de estar sendo enrolada. E o final… ah!
Piano Vermelho
- Autoria:
- Josh Malerman
- Editora:
- Intrínseca
- Ano de lançamento:
- 2017
- Páginas (nº):
- 320
Liderados pelo pianista Philip Tonka, os Danes se juntam a um pelotão insólito em uma jornada pelas entranhas mortais do deserto. A viagem, assustadora e cheia de enigmas, leva Tonka para o centro de uma intrincada conspiração. Seis meses depois, em um hospital, a enfermeira Ellen cuida de um paciente que se recupera de um acidente quase fatal. Sobreviver depois de tantas lesões parecia impossível, mas o homem resistiu. As circunstâncias do ocorrido ainda não foram esclarecidas e organismo dele está se curando em uma velocidade inexplicável. O paciente é Philip Tonka, e os meses que o separam do deserto e tudo o que lá aconteceu de nada serviram para dissipar seu medo e sua agonia. Onde foram parar seus companheiros? O que é verdade e o que é mentira? Ele precisa escapar para descobrir. Com uma narrativa tensa e surpreendente, Josh Malerman combina em Piano Vermelho o comum e o inusitado numa escalada de acontecimentos que se desdobra nas mais improváveis direções sem jamais deixar de proporcionar aquilo pelo qual o leitor mais espera: o medo.
Pra quem não conhece o livro, vale a pena contar um pouquinho pra situá-los. A história se passa logo após a Segunda Guerra Mundial. O governo dos Estados Unidos descobriu um som misterioso no deserto da Namíbia, na África, que é capaz de desativar ogivas nucleares. Além disso, as pessoas que ouvem esse som têm as piores sensações: elas vomitam, passam mal, sentem vertigem, entre outras coisas, e podem até morrer. Então, é claro que o Exército quer saber a origem desse som, e pra isso, eles convocam uma banda de rock de Detroit para ir à África. Eles são os Danes, que fizeram parte da Segunda Guerra e juraram nunca mais usar um uniforme de soldado outra vez. Porém, a quantia em dinheiro era significativa demais para ser ignorada…
Os capítulos são intercalados em dois tempos: enquanto um narra a viagem dos Danes para a África, no tempo passado, outro mostra Phillip Tonka, líder da banda e personagem principal, no tempo presente, na reabilitação de um hospital do exército. Porém, se as cenas na África já eram bem misteriosas, os momentos no hospital não deixaram a desejar: Phillip está a seis meses em coma, com todos os ossos do corpo quebrados. Quando ninguém mais tinha esperança no paciente, ele subitamente acorda e, alguns dias depois, o avanço é assustador e totalmente antinatural. O que está acontecendo ali?
O que me fez ler até o final foi, como já disse, o estilo de escrita do autor, a leitura fluida e os capítulos curtos e intercalados. Porém, no decorrer da história, sentia que tudo estava se arrastando, sem chegar a lugar nenhum. Mas de uma forma ou de outra, eu simplesmente não conseguia parar de ler! Josh sabe mesmo fazer um mistério, e deixar o leitor sedento por mais… inclusive nos finais que ele escreve.
Particularmente, achei que o autor viajou demais na terceira parte do livro. As partes filosóficas, os momentos de terror que, na verdade, não estão ali (e que deveriam causar medo justamente pela sua ausência)… simplesmente nada disso funcionou pra mim. Não sei dizer se fui eu que não entendi, mas fato é que fiquei viajando no final, e quando fechei o livro, jurei ouvir grilos na minha cabeça que diziam: o que aconteceu aqui?
Acho que não foi um final tão aberto quanto Caixa de Pássaros, mas pra mim foi, de certa forma, pior. Não sei se deixei algo passar, ou se o autor se apressou mesmo em finalizar uma história que ele mesmo não sabia como terminar. Eu queria saber qual era o motivo do tal som, por que ele acontecia, o que era de verdade aquilo, mas pra mim nada disso foi explicado.
A história é genial sim, com uma trama totalmente nova e inusitada. Porém, se a ideia do autor era deixar o leitor intrigado com as perguntas em aberto, e instigar o medo do desconhecido que existe em cada um de nós… bem, pode ser que funcione pra alguns, mas pra mim não rolou muito, não. De qualquer forma, para aqueles que gostam de mistérios – mesmo que mal resolvidos – e histórias geniais envolvendo um pouco de sobrenatural, este livro será uma boa pedida – só não crie expectativas demais. 😉
DAYSE FERREIRA DA SILVA
uauuu!! amei a resenha.
doida pra ler o livro.