Já fazia um bom tempo que eu não lia um romance de época – e mais tempo ainda que esse título, em específico, estava na minha estante. Comprei o livro na Bienal do Livro do Rio, em 2013 (sim, estamos em 2022!) e lembro-me bem que tinha me apaixonado pela capa. Ao iniciar essa resenha, descobri que Muito mais que uma princesa é, na verdade, o quarto livro da série Guilty, sendo que apenas esse foi publicado no Brasil, e os três primeiros foram traduzidos para português de Portugal.
Muito mais que uma princesa
- Autoria:
- Laura Lee Guhrke
- Editora:
- Essência
- Ano de lançamento:
- 2008
- Páginas (nº):
- 341
Muito mais que uma princesa conta a história da italiana Lucia Valenti, filha ilegítima de um príncipe e de uma cortesã mal falada na sociedade, que passou a vida sendo mandada para orfanatos e conventos, sem ter uma moradia fixa. O pai queria se ver livre dela que, de espírito livre e destemido, aprontava toda a sorte de confusões para viver a sua vida da melhor forma.
Até o dia em que o pai resolveu que precisava arranjar um casamento para a filha e resolver todos os seus problemas com a moça. Ou seja, entregá-la na mão de algum homem que pudesse controlar Lucia, e colocá-la em seu devido lugar na sociedade.
Só que isso não seria uma tarefa fácil. Apesar de ser filha ilegítima e de sua mãe ser cortesã, Lucia não se ajuda nessa tarefa: já teve casos amorosos com homens, se meteu em confusões e não aceita se casar com qualquer homem que aparecer na sua frente.
Para isso, seu pai contratou o diplomata inglês Ian Moore para a missão. É claro, ele ficou extremamente contrariado e furioso por resolver um caso tão absurdo quanto um casamento, quando há iminências de guerras internacionais para serem intermediadas, mas ele não teve outra escolha a não ser acatar a missão. Afinal, não se nega o pedido de um príncipe.
Só que Ian não imaginou que Lucia Valenti seria esse furacão todo. Totalmente diferente de qualquer moça que já conheceu e completamente proibida para ele – prometida para algum homem de título e dotes para bancá-la e aos seus futuros filhos. O que era para ser uma tarefa simples – arranjar um marido para a moça e ir tratar de seus reais problemas diplomáticos – tornou-se um verdadeiro martírio – tanto para controlar a moça quanto a si mesmo.
A escolha da personalidade dos personagens é muito interessante. Ao passo que Lucia é um espírito livre, que só quer ser feliz (e não podemos julgá-la por isso), Ian é todo respeitoso, que sempre procura fazer o que é certo e não sair da linha. Ou seja: eles são exatamente o oposto um do outro. E isso vai provocar várias faíscas.
A vida é rica, doce e muito curta. As pessoas têm que viver a vida e não observá-la da sacada de um palácio.
Muito mais que uma princesa, página 18
Não é preciso dizer que, desde o começo, o leitor já sabe o que vai acontecer na história. A autora deixa bem claro qual vai ser o desfecho (pelo menos ficou óbvio para mim), mas não sabemos como essa história vai se desenrolar até chegar lá. Entretanto, mesmo sendo cliché, não posso dizer que a leitura não foi agradável.
O livro não é de todo erótico, mas possui capítulos com trechos apimentados, como é comum em romances desse tipo – um prato cheio para quem gosta do gênero. A escrita da autora é bem fluida e fácil, e apesar de achar os diálogos bem forçados em alguns trechos, isso não foi algo que me incomodou muito – afinal, eram outros tempos, e as pessoas tinham outros hábitos. Com o passar da leitura, fui me acostumando com os diálogos, e eles começaram a se tornar mais naturais para mim.
Depois de tanto tempo sem ler um romance de época, foi bom relembrar esse tipo de história com esse livro. Com direito a trechos de tirar o fôlego, Muito mais que uma princesa é uma boa indicação para quem gosta desse tipo de leitura.