Quando busco na memória como era a minha vida há pouco mais de um ano, antes de eu saber que era morada de outra pessoa, só consigo lembrar de um vazio. Vazio esse que eu desconhecia, mas hoje percebo que estava lá.
Às vezes eu me sentia sozinha mesmo cercada de pessoas amorosas; me sentia sem rumo e sem motivação mesmo tenho um caminho para trilhar; me perdia em planos e fazia projetos mesmo sabendo que minha vida não permitiria tamanhas loucuras.
Quando me descobri plural, foi um susto. Um baque. Eu esperava e secretamente queria, mas fiquei aterrorizada. Como faria pra cuidar, nutrir, educar e me dedicar inteiramente a outra pessoa? Eu, que nunca tive que cuidar de ninguém se não de mim mesma… A tarefa me parecia assombrosamente maior do que eu poderia suportar. E só de pensar nisso eu me apavorava.
Com o tempo, o choro diminuiu (o meu e o dela), as noites foram ficando mais brandas e as pequenas dádivas do dia a dia vinham clarear qualquer dificuldade do meu maternar. O sorriso pela manhã abrandava qualquer noite mal dormida; o primeiro engatinhar dava um fôlego extra aos difíceis saltos de desenvolvimento; as brincadeiras e as gargalhadas faziam qualquer erupção de dente ficar mais fácil (não que ele seja, ok?).
Antes da minha filha chegar, minha casa era mais arrumada, meus dias eram mais produtivos, eu podia fazer o que bem entendesse a hora que quisesse. Dormia e acordava quando queria, podia assistir filmes inteiros sem interrupção e demorar horas no chuveiro. Podia ter privacidade, mas a quê custo?
Já se passou um ano inteirinho com minha bebê nos meus braços. Um ano que eu me redescobri no meu novo papel de mãe. Um ano aprendendo o tanto que nenhuma viagem ou curso poderia me proporcionar.
Aquele vazio no peito não me encontra mais. Hoje em dia eu percebo o que faltava na minha vida. Não faço mais planos malucos ou projetos absurdos. Meu lugar é onde minha filha estiver. Meu coração se acalmou e finalmente achou seu lar.
Marina
Que post mais lindo! Senti o amor daqui <3