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Rafaela Carvalho – 60 dias de neblina

Quando eu descobri que estava grávida, comecei a estudar muito – não somente sobre cuidados com bebês, mas também sobre o nascimento de uma mãe e o período conhecido como puerpério. Em alguma parte do percurso desses aprendizados, eu me deparei com o livro 60 dias de neblina, que li durante o meu puerpério. Agora, quero falar sobre essa leitura com vocês – sejam mães, futuras mamães, que desejam ter um bebê ou apenas querem saber mais sobre o assunto.

60 dias de neblina

Autoria:
Rafaela Carvalho

Editora:
Matrescência

Ano de lançamento:
2017

Páginas (nº):
300
Uma coletânea de crônicas, palavras que narram o auê do cotidiano, o rir para não chorar, o amor que tira e coloca o chão, as gargalhadas sinceras, as frustrações que descem com o café já gelado. A perfeita bagunça de sentimentos que habita o coração de toda mãe. 60 dias de Neblina, um livro sobre você, sobre mim, sobre a mãe que você esbarra na fila do caixa do mercado. Um livro sobre nós, e sobre essa jornada enlouquecedora, incrível que é a maternidade.

O puerpério são os primeiros meses após o nascimento do bebê, em que a mulher descobrirá seu novo papel como mãe. Alguns dizem que esse período dura os 40 dias do resguardo, outros dizem que é bem mais. Por experiência própria, acho que esse tempo dura mais do que os 40 dias, mas ele vai ficando mais fácil depois do primeiro mês. Na visão da autora do livro, o puerpério dura dois meses, que são os 60 dias de neblina.

A autora Rafaela Carvalho reuniu, neste livro, textos sobre os mais diversos assuntos do mundo da maternidade – desde o nascimento, o corpo da mulher, a vida em família e os perrengues que toda mãe passa, independente se é de primeira viagem ou não.

Eu fiz a leitura durante os primeiros 30 dias do puerpério, enquanto estava amamentando. Foi praticamente sempre no meio da madrugada, acompanhando o nascer do dia pela janela da minha sala. E ele me ajudou muito.

Tive madrugadas difíceis, em que eu não sabia mais de onde tirar força e ânimo e, de repente, o texto certo aparecia nas páginas do livro. Parece que a autora entendia o que eu estava vivendo, e trazia as palavras que eu precisava naquele momento. A gente chora durante o puerpério (é normal), e esse livro me fez chorar um choro de alívio, de consolo, que diz “alguém lá fora entende o que estou vivendo”. Um choro de “tem uma luz no fim desse longo túnel”.

O título não poderia ser mais condizente com a realidade. Olhando para trás, para os meus primeiros dias de puerpério, só consigo perceber uma neblina encobrindo tudo o que vivi. Não lembro bem como passei os dias, o que fiz, se dormi ou se me mantive acordada todas as noites. Parece um borrão. Parece uma neblina. Só sobra a luz no fim daquele cinza. Sobra a alegria.

Rafaela Carvalho escreve de uma forma real, por vezes sarcástica e muito profunda. Os textos divertem, emocionam e mostram a realidade de uma vida com filhos – caótica, turbulenta mas cheia de amor. Esse é um livro obrigatório para quem está vivendo o puerpério, pois deixa os dias e noites mais leves, mostrando que, depois da neblina, sempre vem o sol.

60 dias de neblina

Citações de “60 dias de neblina” que me marcaram e emocionaram

Esses dias longos, que se misturam com noites e que se fazem dias novamente, ficarão para trás. E você ja nem sequer irá lembrar se foi um sonho, se estava anestesiada ou que raio foi esse furacão que invadiu a sua vida.

Por isso, diminua. Desacelere. Não se cobre tanto. Seja gentil com você, com o seu maternar, com o seu bebê. O tempo não reduz a marcha, nós sim. Nós podemos, nos foi dada essa dádiva. E Ele em sua sabedoria, de quem tudo enxerga, tudo compreende, tudo acalenta, sabiamente a chamou de presente. O mais incrível presente: o nosso tempo.

Você é a melhor mãe que seu filho pode ter e isto basta. Respire. Respire novamente. Feche os olhos. Escute seu coração. Chore. Chore um pouco mais. É normal. Sim, esqueceram de te contar essa parte, mas saiba que é normal. E vai passar.

A maternidade transforma. Só que se esquecem de mencionar que existe uma linha muito tênue entre se transformar e se perder. Ou talvez seja parte do processo. Para nos transformarmos, nos perdemos um pouco.

Em silêncio eu choro porque me sinto encolhida, frágil, incapaz de carregar a responsabilidade que me foi confiada.

Em silêncio eu choro porque esse amor, essa mistura de sentimentos, é muito. Demais para levar.

[…]

Em silêncio eu choro porque você conta comigo, e eu já nem sei se dou conta de mim.

Em silêncio eu choro porque comemoro a sua vida. O simples fato de você existir me traz felicidade,
paz, plenitude. E sensações que ainda não foram nomeadas.

Mães fazem aquilo que precisa ser feito, usando os recursos que possum naquele determinado momento. Uma roupa, uma refeição, uma palavra, um instante não nos define. Nem na essência, muito menos no amor.
Caso você esteja precisando saber, você é uma excelente mãe e está fazendo um fantástico trabalho.

Pois nessa jornada atrevida, são as mães que dão a vida. E dar a vida não é só parir, já que algumas acabam por partir. Dar a vida é dar amor. Criar é dar raiz. É isso que faz de uma criança mais feliz.

Se você pensa que escolheu, na verdade foi escolhida. Pois essa alma, ao renascer, apontou para você. E que benção mais carinhosa é saber que, de todas as rosas, você, apenas você, foi vista como a mais maravilhosa.

É besteira pensar que saudade equivale a tristeza ou arrependimento. É bom sentir saudade. O que seria dos momentos que construímos, das coisinhas corriqueiras, das grandes comemorações, se não fosse a futura saudade? As lembranças dependem da saudade para terem valor. A verdade é que a saudade nada mais é do que um imenso amor por aquilo que foi bem vivido. Não precisa ser sinônimo de insatisfação com o presente.

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