Resenhas de livros

Organização e produtividade

Papelaria

Pedro Chagas Freitas – Prometo falhar

Pedro Chagas Freitas é um autor português que faz muito sucesso em Portugal com seus mais de 20 livros que contam histórias de amor – em todas as suas variações. Prometo Falhar é seu primeiro livro publicado no Brasil, e já chega surpreendendo os leitores, que encheram várias sessões de autógrafos pelo Brasil. Eu pude conhecer o autor na Bienal do Livro, e posso atestar: ele é uma pessoa maravilhosa, mesmo que tenhamos trocado apenas poucas palavras. Sorridente o tempo todo, fazendo piadas e dando toda a atenção ao leitor sentado ao seu lado, Pedro é realmente aquilo que escreve: ele ama viver e é humilde. Não que isso não seja comum em outros autores, mas Pedro escreve sobre isso e É isso mesmo.

Prometo falhar

Autoria:
Pedro Chagas Freitas

Editora:
Novo Conceito

Ano de lançamento:
2015

Páginas (nº):
400
Prometo Falhar é um livro que fala de amor. O amor dos amantes, o amor dos amigos, o amor da mãe pelo filho, do filho pela mãe, pelo pai, o amor que abala, que toca, que arrebata, que emociona, que descobre e encobre, que fere e cura, que prende e liberta. Em crônicas desconcertantes, Pedro convida o leitor a revisitar suas próprias impressões sobre os relacionamentos humanos. A linguagem fluida, livre, sem amarras, faz querer ler tudo de uma vez e depois ligar para o autor para terminar a conversa. Medo, frustração, inveja, ciúme e todos os sentimentos que nos ensinaram a sufocar são expostos sem pudores. Mergulhe de cabeça numa obra que mostra que é possível sair ileso de tudo, menos do amor.

Enfim, vamos falar sobre o seu livro – o primeiro de muitos publicados aqui, espero. Prometo Falhar é um livro diferente de tudo o que você já viu: não é uma ficção, não é uma história linear, não são exatamente contos, nem crônicas. Eu acho que o livro do Pedro não se encaixa realmente em algum estilo literário (desculpem-me os especialistas no assunto, mas essa é a minha opinião de leitora amadora). Pedro escreve com o coração e com toda a licença poética de criar palavras, emendar frases, não usar as maiúsculas e nem a pontuação correta. E sabe? Isso deu muito certo. Creio que poucos autores conseguiriam fazer o que ele faz com tanta genialidade.

Prometo falhar
Prometo falhar

Pedro tem aquele estilo de quem pensa e já sai escrevendo o que lhe vem à cabeça. Faz sentido pra vocês? Muitas vezes, seus “contos”, como vou chamar aqui, não tem muito sentido do começo ao fim, são apenas pensamentos sobre amor, sobre o mais puro, primitivo e inocente amor que o autor nutre pelas coisas mais simples da vida. Pedro não fala só sobre esse sentimento em relação a outra pessoa, como casal, mas também o amor de pai e mãe, de estar vivo, de contemplar todas as belezas do mundo. Mas, de todos eles, aqueles que mais gostei são os que começavam de uma forma e terminavam de outra. Como assim? A gente vai lendo, pensando que se trata de uma coisa e, na última frase, o Pedro muda tudo. E a gente fica com aquele sorriso bobo e pensa: “uau, isso foi bastante real, incrível e bonito.”.

Porém, te dou um conselho: leia sem pressa, alguns contos por dia, sem esperar terminar logo. Por não ser uma história linear, o livro acaba sendo um tanto cansativo. Além disso, tiveram alguns contos que eu não entendi muito bem a lógica ou o pensamento do autor, então tenha um pouco de paciência se você não está acostumado com esse tipo de livro. Eu demorei quase um mês pra terminar, e tive que intercalar outros livros junto, pois estava bem cansativo em alguns dias. Porém, eu gosto de ver sempre o lado positivo da leitura, e essa tem muitas: você vai se sentir transportado pra dentro da mente do Pedro, em seus pensamentos mais profundos, e aposto que vai amar um pouco mais as coisas ao seu redor depois dessa leitura. É até difícil falar sobre este livro, e acredito que minhas palavras não disseram e nunca dirão tudo o que eu gostaria sobre essa obra.

Prometo falhar

Ah sim: e a mulher que ele cita muitas vezes nos contos, chamada de Bárbara, é sua esposa. Devo dizer que é impossível não suspirar pela forma como ele fala dela. É um amor de corpo e alma, daqueles que todos nós queremos encontrar. (Posso abrir um parágrafo aqui e dizer que encontrei o meu, e confirmar que é exatamente assim, todo apaixonado, que a gente se sente?)..


Citações favoritas:

A minha vontade era de sublinhar todo o livro, admito. Porém, consegui escolher algumas citações favoritas pra compartilhar com vocês. Assim vocês têm uma ideia do que eu falei na resenha.

Prometo falhar

“a vida no fundo pode não ser mais do que três horas tão boas, aproveite-as sempre que puder, promete?”

“ser feliz é tão simples, não é?”

“como se adormece com um livro inteiro para escrever e só uma vida para viver?”

“quer vir comigo até o final do alfabeto?,
há um dicionário completo para conhecer, se a felicidade não é isto é algo muito parecido com isto (…)”

“a vida é pequena demais para perdermos tempo gastando gastando energia em algo que não envolva amor (…)”

“As casas não servem para morar; as casas servem para amar.”

“É preciso a melancolia para que a alegria faça sentido, é importante perceber cada momento de distância para que todas as presenças aconteçam.”

“A maior crueldade da vida é haver só uma primeira vez, aquela primeira aparição da descoberta, num momento você não sabe e depois é; a maior crueldade da vida é só permitir uma primeira vez para um primeiro beijo, uma primeira vez para um primeiro chocolate; a maior crueldade da vida é não existir mais do que isto, um homem ou uma mulher e a sua evidência, a sua tão pobre limitação. A maior crueldade da vida é ser só uma.”

“Amanhã você pode acordar e mudar tudo ou manter tudo na mesma. Você acorda com tudo isso na tua mão. O mundo todo, esta imensidão toda, outra vez. Parece impossível, não é? E você ainda tem a cara de pau de chorar tanto, de se queixar tanto, de se martirizar tanto.”

Comente este post!

  • Tatiana

    Não conhecia o autor, mas depois de ler algumas resenhas desse livro e algumas citações fiquei interessada. Beijo, Gabi!

    responder
  • Mary

    Oi Gabi! Tudo bom?

    Apesar de não conhecer muito, eu tenho bastante interesse em literatura portuguesa. Nunca tinha ouvido falar sobre esse autor, mas não é a primeira vez que leio sobre um autor português que trabalha com a narrativa de forma diferente. Gostei bastante, fiquei interessada e já botei na minha lista de leituras! Obrigada pela dica! 🙂
    Beijos!

    Mary

    responder
    • Gabi Orlandin

      Tudo bem, Mary!
      Então os portugueses têm essa mania de trabalhar com textos diferenciados, será? Olha, acho uma boa ideia, porque foge do “mais do mesmo”. Espero que goste dessa leitura.
      Beijo.

      responder
  • Hel

    Pela sua resenha e experiência de leitura eu lembrei da minha experiência lendo um livro de contos da Clarice Lispector, Felicidade Clandestina, pois foi também uma leitura densa.
    Sobre a licença poética de escrever sem maiúscula ou pontuação, outro autor português já fez isso antes dele, o Saramago, que é muito genial!

    Adorei a sua resenha!

    Beijinhos, Hel.

    responder
    • Gabi Orlandin

      Ah, eu tenho tanta vontade de conhecer a escrita da Clarice, acho que deve ser encantadora. Não conheço muito sobre literatura portuguesa, mas achei interessante o fato de outro autor das terras de lá usar dessa mesma forma de narrativa. É bom porque fica diferente do comum 🙂
      Beijos.

      responder
  • Taay

    Estou encantada com o seu blog de tão fofo <3 tbm sou gaúcha, moro em Montenegro, já ouviu falar? há cerca de 50 minutos de POA! 😀
    Nunca li esse livro, parece ser incrível pela resenha.
    bjuxxx
    http://www.taayvargas.com

    responder
    • Gabi Orlandin

      Awn Taay! Obrigada, adorei seu comentário! [love]
      Siiim, já ouvi falar de Montenegro, e acho que já passei por aí quando fui de carro para o Uruguai a trabalho.
      Beijos e volte mais vezes! <3

      responder
  • Ana Letícia Lima

    Oi Gabi!
    Preciso dizer que a sua resenha me fez ter muita vontade de conhecer o livro, apesar do pontinho negativo que foi ter sido meio cansativo. Adoro histórias de amor mas confesso que tenho muita preguiça de ler um livro todo, com uma história linear sobre o assunto. Acredito que esse livro seja perfeito pra mim 🙂 Obrigada pela indicação. Beijos.

    responder
  • Ana

    ai muito amor nesse livro né??
    <333

    responder
  • Babi Lorentz

    Babei nos trechos que você deixou aí pra gente se deliciar. A ideia agora é correr atrás do livro pra poder ir lendo de pouquinho em pouquinho e conhecendo a escrita do Pedro.
    Beijo!

    responder
    • Gabi Orlandin

      E é uma delícia ler de pouquinho em pouquinho. Confesso que não tenho paciência de ver o livro parado por tanto tempo, mas se você conseguir, vai ser uma leitura ótima!
      Beijão.

      responder
  • Bianca

    Oi, Gabi. Tenho lido seus posts pela newsletter feliz da vida e tô ensaiando para comentar já faz um tempinho… Nossa, essa foi de longe a melhor resenha que você já escreveu. Você conseguiu não só conseguiu aguçar minha curiosidade mas também passou um pouco da sensação de tudo que você sentiu ao ler o livro. Nem o li, mas me encantei com Prometo Falhar. Com toda certeza do mundo é um livro que eu PRECISO ler, hahaha. Obrigada, Gabi, pela sensibilidade que você teve com as palavras que faz dessa resenha tão linda quanto o livro parece ser!

    Beijos.

    responder
    • Gabi Orlandin

      Ah, que bom saber que você lê pela newsletter. Passei um tempão à procura de um sistema bom e fácil pra enviá-las, então é gratificante saber que, agora que encontrei, os leitores gostam (pelo menos você né hahaha!).

      Nossa, sério que ficou tão boa? Haha! Que bom saber disso. Na maioria das vezes eu não sei como escrever resenhas de livros que eu gosto muito, e sempre acho que não ficou bom (porque o livro é infinitamente melhor e impossível de ser transmitido pela resenha). Espero que você pegue esse livro pra ler e goste muito!

      Beijão.

      responder
  • Maria Júlia

    Gabi,
    Adorei a resenha! Comecei a ler o livro no mês passado, mas desde então não consigo termina-lo. Como você mesma disse, achei um pouco cansativo. Espero conseguir terminar algum dia, rsrs.
    Beijo!

    responder
    • Gabi Orlandin

      Oi, Maria Júlia!
      Eu tive que me forçar pra terminar também, mas não por ele não ser bom, é porque é cansativo mesmo. Acho que é um livro perfeito pra quem não tem pressa em terminar um livro – mesmo que demore um ano! Não tenha pressa, um dia você termina, haha 😉
      Beijo.

      responder
  • Samanta Mariz

    Estou lendo o livro e as vezes não entendo e quando tenho vontade de marcar alguma coisa, parece que tenho que marcar todo (por ser o complemento). Estou amando, gostei da sua resenha. É como você falou.

    responder