Cecelia Ahern – O Presente

Da autora Cecelia Ahern, só havia lido, até então, “P.S. Eu te amo“, e admito que esperei algo do estilo em seu novo livro, mas acabei me surpreendendo – por um lado, de uma forma muito positiva, mas por outro lado, não tanto.

O Presente

Autoria:

Cecelia Ahern

Editora:

Novo Conceito

Ano de lançamento:

2013

Páginas (nº):

320

Todos os dias, Lou Suffern luta contra o tempo. Ele tem sempre dois lugares para ir, tem sempre duas coisas a fazer. Quando dorme, sonha com os planos do dia seguinte, e, quando está em casa, com a esposa e os filhos, sua mente está, invariavelmente, em outro lugar. Numa manhã de inverno, Lou encontra Gabe, um morador de rua, sentado no chão, sob o frio e a neve, do lado de fora do imenso edifício onde Suffern trabalha. Os dois começam a conversar, e Lou fica muito intrigado com as informações que recebe de Gabe; informações de alguém que tem observado uniões improváveis entre os colegas de trabalho de Lou, como os encontros da moça de sapatos Loubotin com o rapaz de sapatos pretos… Ansioso por saber de tudo e por manter o controle sobre tudo, Lou entende que seria bom ter Gabe por perto — para ajudá-lo a desmascarar associações que se formam fora de suas vistas — e lhe oferece um emprego. Mas logo o executivo arrepende-se de ajudar Gabe: sua presença o perturba. O ex-mendigo parece estar em dois lugares ao mesmo tempo, e, além disso, Gabe lhe fala umas coisas muito incomuns, como se soubesse do que não deveria saber… Quando começa a entender quem é realmente Gabe, e o que ele faz em sua vida, o executivo percebe que passará pela mais dura das provações. Esta história é sobre uma pessoa que descobre quem é. Sobre uma pessoa cujo interior é revelado a todos que a estimam. E todos são revelados a ela. No momento certo.

Em um clima natalino, e ambientada em Dublin com suas casas cheias de enfeites, luzes, árvores e presentes, Cecelia nos conta a história de Lou Suffern, um homem que está sempre ocupado, sempre dividido entre dois ou mais compromissos ao mesmo tempo e em constante luta contra o relógio e o tempo. Lou é bem sucedido, trabalha em uma empresa grande, em um prédio grande, em uma cidade grande. Mas nada disso é suficiente para este homem, que parece querer alcançar o céu. O problema é que, estando tão ocupado, Lou acaba deixando de lado o que deveria ter mais valor em sua vida: a sua família.

Lou é um homem casado e com dois filhos pequenos mas, por conta de seu constante “ocupismo“, ele não sabe direito a idade da pequena Lucy nem trocar as fraldas de “Pud“. Até o dia em que, por um motivo ou outro, Lou depara-se com Gabe, um mendigo, e oferece-lhe um café. Mas Lou mal sabe o que Gabe significará em sua vida, que passará de rigorosamente organizada para um turbilhão de dúvidas e interrogações.

A escrita de Cecelia é bastante fluida e, quando percebemos, já avançamos muitas páginas. Durante o desenvolvimento da trama, enquanto Lou conhecia Gabe e descobria coisas que, apesar de evidentes, ele nunca havia percebido, fui capaz de me envolver na história, e senti raiva de Lou, por ter tudo e simplesmente ignorar por causa de seu precioso trabalho. Estava muito curiosa para desvendar os tantos mistérios acerca de Gabe, porém, neste momento, senti que Cecelia correu demais e muitas soluções ficaram a desejar – em determinada parte do livro, perdi o fio do raciocínio e percebi que a autora não revelaria o que eu queria saber.

Apesar disso, creio que a intenção da autora era, justamente, fazer-nos pensar. Logo nas primeiras páginas, ela nos diz que essa é uma história sobre uma pessoa que se descobre, e que se “mostra” para quem realmente se importa com ela. Portanto, e pelo fato de se passar na época do Natal, é que a história é tão única: Cecelia foi capaz de fazer-nos pensar sobre a loucura dos dias atuais, juntando ficção e magia. Se é pra acreditar? Não, você não precisa acreditar. Mas precisa olhar dentro de si e ver como você está aproveitando seu tempo neste mundo.

Essa história não é um romance, mas fala sobre pessoas e transmite uma mensagem muito bonita. Porém, ela não me arrancou suspiros como pensei que faria, e por isso preferi transformar todas as dúvidas que ficaram em certezas de que a noite de Natal transformou magia em realidade, e fez com que tudo o que a gente queira possa acontecer. Apesar de eu ter lido apenas um livro da autora antes, não acho que este seja um dos que mais gostei, mas com certeza, é uma linda história.