Duas coisas chamaram minha atenção antes mesmo de começar a leitura de “O pesadelo”. Primeiro, a arte da capa! Meus parabéns à Intrínseca, são sempre as melhores edições da minha biblioteca, aquele livro que dá gosto de ver e orgulho de ter. Segundo, Lars Kepler é o pseudônimo de Alexandra Coelho Ahndoril e Alexander Ahndoril. Sim, eles escreveram a história juntos. Me pergunto como seria essa experiência. Imagino eles sentados juntos em poltronas vermelhas estofadas, após o jantar, na frente da lareira, tomando uma xícara de chá e perguntando um ao outro “ – Querida, qual personagem iremos matar esta noite?”, “ – Eu não sei querido, me surpreenda!”.
Okay, depois deste devaneio, vamos aos fatos.
O Pesadelo
- Autoria:
- Lars Kepler
- Editora:
- Intrínseca
- Ano de lançamento:
- 2013
- Páginas (nº):
- 448
“O pesadelo” não é um suspense puramente sentimental, pelo contrário, ele é cheio de fatos, de política, de estratégia, ou seja, encantador! Tudo começa com a misteriosa morte de Viola Fernandez, encontrada pela polícia em um barco abandonado, aparentemente afogada, mas completamente seca e posicionada de uma maneira muito estranha para uma vítima de afogamento.
Logo em seguida, mais uma morte. Desta vez, um importante membro da INPE – Inspetoria Nacional de Produtos Estratégicos, chamado Carl Palmcrona. Encontrado pendurado em um lustre, ao som de uma suave música de violino, com todas as características de um suicídio, exceto pelo fato da sala ter um pé-direito alto, e não ter nenhum móvel próximo ao corpo, que indique por onde ele subiu até a corda.
De cara, estes acontecimentos não parecem ter relação alguma, porém no decorrer da trama que é embalada por música clássica, reunindo questões sérias como exportação ilegal de armas, guerra civil, perseguição, corrupção, chantagem e muito dinheiro, o detetive Jonna Linna é envolvido por uma investigação cada vez mais perigosa, que culminará em descobertas chocantes.
Inusitadamente, desta vez o personagem principal, detetive Jonna Linna, não ganhou sozinho toda a minha simpatia. Ele a dividiu com uma personagem um tanto singular, chamada Beverly Andersson. Beverly é uma jovem garota, que possui um complicado distúrbio de personalidade limítrofe (neste distúrbio, há uma tendência marcante a agir impulsivamente sem considerar as consequências). Isso resulta na ausência de noção de limites entre ela e outras pessoas, e também na falta de mecanismos de defesa pessoal, em resumo, ela naturalmente confia em qualquer pessoa, inclusive nas que não merecem confiança.
Axel Riessen, que com a morte de Carl Palmcrona, torna-se chefe da INPE, sofre de insônia e não pode tomar seus remédios para dormir em função de uma cirrose hepática, encontra Beverly em um hospital durante uma de suas crises, internada após sofrer diversos atentados ocasionados pelo distúrbio. Um mero acaso o faz descobrir que perto dela, quase como mágica, ele é capaz de dormir uma noite inteira.
Não há malícia nesta relação, Beverly torna-se uma pessoa importante para Axel, que a adora mas ao mesmo tempo precisa dela. Há um conflito moral muito bem trabalhado por Lars Kepler, que toca com sutileza o binômio amor X necessidade, e mostra o quanto isto pode ser perturbador. A história de Beverly é simplesmente linda, tenho certeza que vocês também irão se emocionar.
A estrutura do texto tem um charminho particular. Os capítulos são curtos, com duas/três páginas em média, e isso torna a leitura dinâmica e leve, pois nenhum acontecimento fica extenso demais.
Dica de leitura: preste bem atenção nos personagens para não se perder, pois são muitos!
Agora, vocês devem estar se perguntando: tá, e o que tudo isso tem a ver com o título “O pesadelo”? Ah.. isso eu vou deixar vocês descobrirem 🙂
Carolina
Apesar de esse não ser um daqueles livros que eu leria a qualquer momento e sim uma leitura que depende do meu humor, ele realmente parece ser super interessante.
Não gosto muito de livros com vários personagens, pois me perco fácil, mas o fato de os capitulos serem pequenos ajuda bastante na leitura!
Beijão
Aline T.K.M.
Tenho uma baita expectativa em relação ao autor. Estou para ler O Hipnotista há séculos, mas ainda não consegui, estou adiantando outras leituras “mais urgentes”.
Adoro um bom suspense, principalmente se for cheio de nuances, e o fato de envolver política chamou minha atenção. Se houver aí um quê psicológico na trama, então já me ganhou. Depois que conseguir ler O Hipnotista, quero ler O Pesadelo; tenho a impressão de que vou curtir bastante as duas leituras.
Beijos, Livro Lab
Divana
Nossa, muito interessante e a última pergunta ao leitor com um Q de suspense me deixou muito curiosa.
Apenas imagino uma coisa para o título ser O Pesadelo… E confesso que fiquei muito curiosa.
Abraços!!!
Rachel Lima
Não tinha considerado este livro tão interessante antes, mas agora estou vendo ele com outros olhos – depois de conhecer um pouquinho a história. Fiquei curiosa. E que legal o livro ser dos dois, eu não sabia (e super compartilho do seu devaneio, haha). A resenha está ótima! Difícil mesmo livros com tantos personagens, né, mas depois de um tempo é fácil pegar o ritmo. Beijocas!
Juliana
Nossa, achei a história bem tensa e profunda. Adoro livros assim, com suspense policial 🙂
Adorei a resenha! Eu demorei um pouco pra entender a capa, acho que a cor me deixou confusa xD
Beijos!