Sou fã do método Marie Kondo desde que li seu livro, A Mágica da Arrumação. A técnica da autora consiste em desapegar de itens que não têm mais valor (seja no sentido de ser útil, seja sentimental), e manter apenas o que lhe traz alegria.
Tenho o livro da Thais Godinho na estante desde 2018 e, quando o escolhi para ser minha próxima leitura, imaginei que fosse algo parecido – desapegar, para depois organizar. De certa forma, eu estava certa. Porém, por outro lado, o livro da blogueira do Vida Organizada não me agradou tanto assim.
Casa Organizada
A arte da organização para transformar a casa e a rotina de quem não tem tempo
- Autoria:
- Thais Godinho
- Editora:
- Gente
- Ano de lançamento:
- 2016
- Páginas (nº):
- 224
Thais inicia o livro comentando o que eu já imaginava: organizar não é enfiar todas as tralhas em uma caixa e colocar no fundo do armário ou em cima de uma prateleira. Isso não é organizar: isso é esconder a bagunça! Da mesma forma, a autora diferencia muito bem os conceitos de organização e arrumação.
[…] organização é diferente de arrumação. Organizar é encontrar soluções – arrumar é apenas colocar no lugar. Se você apenas arrumar a sua casa, vai perceber que muitos objetos parecem não ter lugar e a bagunça ficará, no máximo, disfarçada, dentro de caixas, gavetas e armários.Casa organizada, página 14
Para organizar, primeiro é preciso destralhar a casa – para então arrumar diariamente. Essa ideia é similar com o que Marie Kondo defende, porém, Thais é mais pé no chão e pensa na praticidade e utilidade do item, ao ponto que Marie leva muito em consideração o valor sentimental do objeto em questão.
A autora frisa que casas de revistas não existem: ou você achava mesmo que aquela casa perfeita do seriado está sempre assim, impecável, com flores na bancada e a mesa brilhando? Ainda mais se você mora com outra pessoa ou tem filhos.
A casa da vida real está constantemente desarrumada, porém, arrumar diariamente não precisa ser um pesadelo. Seguindo o passo a passo da autora, que consiste em destralhar, organizar e somente então arrumar, é possível que qualquer pessoa construa e mantenha a casa de seus sonhos – fazendo um pouquinho por dia.
Até (mais ou menos) a metade do livro, Thais dá explicações e ideias sobre como fazer isso na sua casa e torná-la um lugar agradável de viver. Ela cita diversos exemplos se você vive sozinho, com um acompanhante, com um bebê, com filhos, etc.
Ao chegar à metade do livro, a leitura começou a me cansar. A parte de desapegar foi de encontro ao que eu acredito e adoro, porém, quando Thais começa a explicar sobre a organização em si, eu fiquei um pouco decepcionada.
Ao contrário do que eu pensei, a autora cita vários exemplos nos quais você precisa comprar uma nova caixa organizadora, um novo gaveteiro, uma nova prateleira, um novo ganchinho, e por aí vai. São tantas coisas para comprar que, sinceramente, eu iria mais encher meus armários do que destralhar.
Veja bem, eu acho que a autora quis dar vários exemplos do que pode ser feito, na esperança de que alguns sirvam para o leitor. Mas a ênfase na compra de objetos para decoração me fizeram acreditar que eu entupiria minha casa mais ainda, do que se tentasse organizar sem o uso desses utensílios – que, muitas vezes, são caros (se você optar pelos mais bonitinhos).
Além disso, as listas de itens para ter em casa me pareceram muito exageradas. Eu não teria toda aquela quantidade de itens, achei desnecessária – mas cada família tem a sua realidade.
Outro ponto que me incomodou na leitura tem relação com a citação acima. Se uma casa deve me servir, preciso mesmo lavar os tapetes a cada 15 dias e tirar todas as coisas do armário pra tirar o pó todos os meses? Sinceramente, na minha vida (agora com uma bebê) não tenho tempo pra isso. Eu sei que o livro trata justamente sobre isso – formas de organizar a casa para quem não tem tempo -, mas acho que a casa se mantém limpa muito mais tempo do que a autora sugere.
Da metade para o final do livro, ele é repleto de checklists para a limpeza diária, semanal, semestral, mensal e anual da casa. Isso é algo bem particular, e eu prefiro não seguir checklists. Se hoje é dia de lavar o banheiro e chego em casa cansada (ou tenho algum compromisso de última hora), vou me sentir culpada de não cumprir com o cronograma.
Mas claro, cada família é particular, como já disse aqui. Pode ser que a sua rotina ou a sua forma de enxergar os afazeres seja totalmente diferente da minha, e por isso o checklist da limpeza vai ser super útil. Na minha rotina, não funcionaria. Tá sujo? Eu limpo na hora, sem precisar esperar o dia certo da semana pra isso.
Portanto, posso concluir que o livro da Thais Godinho foi um “ame e odeie”. Se por um lado eu adorei as dicas de destralhar a casa (mas nada que já não soubesse pela Marie Kondo), por outro lado achei que o conceito de “organizar para quem não tem tempo” não se reflete pra mim, e iria me fazer ficar ainda mais sem tempo. Porém, isso é algo bem particular, e pode ser que o livro seja maravilhoso pra você – como é pra tanta gente!